domingo, 2 de novembro de 2014

As corridas da Cí!

Hoje a postagem aqui não é exatamente sobre mim, mas sobre a CInira, minha aluna de corrida...assim como uma vez já publiquei um relato da Roberta Kozima (minha aluna de natação)...dessa vez vem o da Ci...que iniciou sozinha na corrida, treinou sozinha por um bom tempo e participou de algumas provas...pelas coincidências do destino, após eu ter corrido a Maratona de Porto Alegre e conhecido a Rosângela Barbieri; a Cinira que era seguidora do Blog da Rô leu uma postagem onde ela me citava e falava que eu sou de Bauru...nisso a Cinira me procurou e passou a seguir meu treinamento! A Cinira é estudante de letras e quando correu sua primeira provinha, escreveu um texto para um trabalho da faculdade. Agora, já com alguns bons km a mais, ela fez um complemento para o texto, falando sobre sua primeira prova de 10km e seu objetivo do ano: São Silvestre!!!
Leia e veja, creia...que você também é capaz de chegar...basta traçar seus objetivos e ir em busca!



Eu e Cinira nos 10km da USP

Desafiando meu maior adversário

"Encuquei que queria virar corredora, sim, como os quenianos, que disputam maratonas e sempre levam os melhores prêmios! Por 12 meses treinei muito, até me inscrever numa prova de rua aqui em minha cidade. Os dias que antecederam ao evento eu mal conseguia dormir, tinha muitos pesadelos, como perder a hora ou cair e me machucar.
No grande dia me posicionei para a largada, o dia estava lindo, coração acelerado e emoções a mil, muita energia positiva! Corri, corri e me vinham muitas lembranças, pois estava correndo numa das maiores avenidas da cidade, a qual estava interditada para o evento, avenida que até então só havia passado de carro, em horários de pico e ela estava ali, só para mim!
Observei cada detalhe que na rotina diária nunca me atentei: as empresas, as árvores floridas, a arquitetura dos prédios...
Antes do primeiro quilômetro já me faltava fôlego e os "quenianos" já haviam me ultrapassado...pensamentos começaram me assombrar e ali passei a travar uma briga comigo:
- Vai... O que você está fazendo aqui? Isso não é para você ...
E eu respondia:
- É para mim sim, eu treinei, com chuva ou sol, acordei cedo, muitas vezes com o corpo ainda cansado... Mas levantava e ia!
Estava por volta dos 2,5km, quando ouvi o locutor anunciando a primeira colocada:
- Maria da Glória, é primeira colocada na categoria geral feminino, na prova de 5km, com 19 minutos.
Oi, como assim? A Maria da Glória tinha concluído o percurso em 19 minutos e eu ainda estava na metade??
Os pensamentos ganharam mais intensidade:
- Vai sua fracote, corta caminho e volta logo para a linha de chegada.
Logo respondia:
- Não dá, não dá....eu tenho um chip amarrado no meu tênis e se não concluir a prova todos saberão.
E continuava a correr, revezando entre trotes de corrida e caminhada.
E fui andando, caminhando, correndo, cantando, gritando, chorando, fui me desafiando.
Já passara do quarto km... Os pensamentos ainda me assombravam, mas o desafio pessoal era maior! Olhei para trás e vi as motos de batedores e a ambulância que ficam no final da prova... Pensei:
-Ou peço carona ou eles vão me ultrapassar...
De repente surgiu uma força dentro de mim, que jamais imaginei que existisse, ganhei a luta com meus pensamentos e eles começaram a ficar a meu favor, eles gritavam:
- Corre, corre, tá acabando, corre.....
E eu corria ainda mais, meus pensamentos corriam junto comigo.....
Quando ouço aquela vinhetinha do saudoso Ayrton Senna:
- Panpanpan panpan....
No momento que colocaram a medalha em mim, as batidas do coração eram ainda mais fortes, as lagrimas de alegria tomaram conta do meu ser e pela primeira vez na vida eu terminei algo que comecei. Isso me fez mais forte, me fez ir além e ter sonhos mais altos, sim, eu fui para uma prova de 10km.
Mais uma vez o dia estava lindo, muitas vibrações, logo após a largada eu pensei:
- Você é louca, para que fazer isso com você?
Subidas, muitas subidas, subidas para todos os lados, eu via os quilômetros deixados para trás em ordem crescente. Cada Km foi suado, foi sofrido, e claro, os terríveis pensamentos estavam ali, aterrorizando a minha mente.
Último km da prova, depois de outros 9 puxados, tinha uma subida, como dizem por aí “nesse ponto da prova, muito marmanjo chora e mãe não vê”.
Mas eu estava lá....quando aparece uma luz no fim do túnel, conhecida como  MChefe, as primeiras palavras que eu disse, entre suspiros, cansaço e sem forças, mas correndo e quase morrendo:
- Eu não vou participar da São Silvestre!!!!
Ela apenas respondeu:
- Ah tá, estou pensando em ir também para te acompanhar.
E eu falando para os meus pensamentos:
- Ela fala isso para me agradar, porque já é fichinha para uma triatleta, ela já concluiu o percurso e ainda resolveu correr mais um km comigo, mas deixa para lá.
Para me dar forças ela disse:
- Você deixou muitos marmanjos para trás.
E está luz me acompanhou até o término da prova.
A sensação de cruzar a linha de chegada? Indescritível, indefinível, imaginário, simplesmente a melhor sensação do mundo.
Cheguei, em ultimo na geral feminino, mas cheguei.....e sim, deixei alguns homenzarrões para trás.......Me contento em chegar em último, desde que eu chegue.
E aí começaram os desafios pessoais, foram 5 km, em aproximadamente 42 minutos, 10 km em 01h12 e a próxima corrida será a São Silvestre. Sim, eu vou, serão 15km de muita emoção!!! O tempo? Quem se preocupa com um cronômetro? 


Descobri que sou maior do que eu penso que sou, por isso desista de desistir. Sugiro a você leitor, que desafie-se e supere seus limites, seja ele qual for, vença seu pior adversário, VOCÊ!.”


Chegada Cinira nos 10km Volta USP